
Os estudos revelam que, embora você tenha sido vítima de um ataque, ainda que você tenha se defendido, a recuperação mental do referido incidente vai depender do fato de que você, realmente, realizou alguma coisa para se defender. É muito comum as pessoas ficarem paralizadas durante os confrontos, com a mente congelada. Como podemos explicar isso ? A chamada “síndrome do congelamento” é uma interpretação errônea do nosso instinto natural de sobrevivência Quando percebemos o perigo, temos um injeção rápida de adrenalina, preparando-nos para a luta ou para fugir. Nós congelamos o pensamento não somente em função do medo, mas também em conseqüência de confusão no plano do subconsciente. Os nossos instintos naturais estão dizendo…”Corra, corra, corra…” enquanto que o nosso processo racional pergunta “…por que devo correr ?” Mas esta síndrome pode ser combatida através da ação. Devemos tirar vantagem da adrenalina para fazer alguma coisa. Ela está destinada a nos ajudar a correr ou lutar. Que possamos usar nossa voz, recuar, ou fugir ou na pior das hipóteses, lutar. Fazer qualquer coisa que se traduza em ação física. No caso de assalto, não nos esqueçamos que o dinheiro pode ser reposto, não nossa vida. Há o caso de uma jovem que foi morta por dois jovens drogados que tentavam levar a bolsa dela. A jovem resistiu e foi morta. Havia alguns poucos trocados na bolsa. Ela não dominava as técnicas de defesa pessoal e não correu, como deveria tê-lo feito.
Outro conselho que ouvi, desta feita mais recentemente, foi dado pelo professor Santos, mestre de Aikidô em Brasília, durante um treino especial no dojô do Forte São João, na Urca, à convite do professor José Carlos. “Sejam bonzinhos, mas não bobos”, advertiu Santos. Aliás, a experiência de treinar com o professor Santos foi extraordinária. Desde criança que eu não dava às mãos aos companheiros para fazermos uma roda, como nas brincadeiras infantis. Foi dessa forma que terminamos o treino, de mãos dadas. O professor Santos explicou que as pessoas precisam se aproximar, tocar-se, sentir o calor humano, numa sadia e necessária troca de energia.
Depois de darmos as mãos, fomos convidados a sentar, também em círculo, como nossos ancestrais o faziam há milhares de anos, mas desta vez em torno de uma “fogueira virtual.” O professor Santos aproveitou para dizer que era exatamente dessa forma que a história era contada, para que a tradição e os acontecimentos não se perdessem ao longo do tempo. Aproveitou para falar um pouco do professor Nakatani, o introdutor do Aikidô no Rio de Janeiro. Chovia muito naquela noite e o professor Santos comentou que jamais esqueceríamos daquele treino. Com certeza, professor Santos, não vamos esquecer, como também vamos passar a experiência adiante para os nossos netos em torno de uma eventual “fogueira virtual.” Obrigado pelo conselho: “bonzinho sim, mas não bobo!