Vaca de presépio, não pode!!

Alfredo Biscaia

EXECUTIVO NÃO É SACERDOTE!!!!  "OBEDIÊNCIA, NÃO, DISCIPLINA SEMPRE.

Obediente, segundo Aurélio, significa: submisso, vassalo, dócil e humilde. Dócil e humilde, quando apresentados como sinônimos de submisso e vassalo, adquirem significados diferentes.

É extremamente agradável e gratificante conviver com pessoas dóceis e humildes, ao contrário de agressivas e arrogantes.

Submissão e obediência significam aceitar, passivamente, verdades inquestionáveis. 

Confesso ter enorme dificuldade em aceitar repartir o mundo entre as pessoas com base em princípios que exigem obediência. A visão maniqueísta do mundo não deve existir na realidade das organizações de sucesso.

A "tirania do ou", (viva a "genialidade do e"), conforme consta nas páginas 74, 75 e 76 do livro "FEITAS PARA DURAR", de James Collins e Jerry Porras. Elas comprovam cientificamente esta minha afirmação.

Se você, como executivo e líder de pessoas, estiver em busca apenas da obediência, recomendo que mude de profissão, pois ainda há tempo suficiente para se tornar um sacerdote.

Há uma enorme diferença entre pessoas "obedientes" e "disciplinadas".

Defendo e admiro, ardorosamente, os disciplinados e desobedientes/questionadores, jamais os indisciplinados e obedientes/vassalos.

Os simplesmente obedientes merecem minha indiferença, que é um sentimento difícil de brotar no meu coração, mas não posso negar o que sinto. 

Indivíduos que sempre cumprem ordens sem saber por que as estão cumprindo são absolutamente dependentes não merecendo, no meu entender, estar na folha de pagamento da empresa onde trabalha. Nem mesmo o líder deles. Somente nos momentos de crise, que nunca na história da humanidade foram eternas e permanentes, posso admitir a "obediência consciente", lúcida, em benefício do bem comum.

Quem é excessivamente obediente, sempre faz tudo sem saber o que está fazendo. São verdadeiros "paus mandados", na maioria das vezes adoradas e idolatrados pelos seus "chefetes", não líderes, pois não lhe estimulam o pensamento divergente na busca de sufocar qualquer situação de conflito, que, no meu entendimento, é algo inerente na vida de qualquer ser vivo e em crescimento.

UM ESCLARECIMENTO.

Em nenhum instante passou ou passa na minha cabeça, a idéia de identificar qual é o melhor, executivo ou sacerdote.  O meu único propósito genuíno sempre foi, e ainda é, o de alertar os executivos que referenciam o livro "O Monge e o Executivo" a não confundirem a vocação sacerdotal daquela que as empresas de sucesso exigem e querem de seus profissionais, de qualquer nível hierárquico.

UMA REFLEXÃO FINAL.

Danuza Leão, em seu artigo na Folha de S.Paulo de 15 de março de 2009, afirma que "não se incomodaria nem um pouco se fosse excomungada". 

Pegando carona nesta frase eu também afirmo o seguinte: "não me incomodaria nem um pouco se fosse exonerado de uma organização que privilegia o pensamento único e abomina divergências de opiniões e sentimentos".

A propósito, solicitaria demissão antes que isto viesse acontecer, mesmo com toda crise porque estamos passando. Prefiro a liberdade à opressão, é uma questão de escolha.

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há 13 anos 10 meses