O inimigo não dorme!!!

Philippe Delorme

IAIDO -  SÉMÉ: A ameaça!

A ação de SÉMÉ é essencial para pratica de um Iai autêntico, pois é preciso levar em conta a realidade do adversário. O adversário não tem nenhuma razão para se mostrar cooperativo ou estar conformado em morrer !…

Sémé, a ameaça, tem que estar presente, constante durante todo o Kata. Porém, ela é mais forte e firme, na fase inicial da ação : depois de Noto, a ação de desembainhar a espada e de afastar o adversário.
Nao se pode, de jeito nenhum, permitir ao inimigo se endireitar ou dar chance para contra-atacar. No momento de agarrar a espada, a tsuka esta na altura da cadeira direita (é a sua posição normal, fazendo assim tela de proteção).

A mão que agarra a tsuka deve apontar a barriga do adversário de maneira ofensiva, como se quisesse bater com a tsuka (é o Tsuka Ate, pratica frequente em vários katas). Essa primeira ameaça deve deixar claro sua determinação: vencer pelo espírito antes de vencer pela técnica, este é o Principio Fundamental do Caminho da Espada do Iaido. A espada desembainhada e o inimigo parado, momentaneamente, no lugar de ataque dele, tem-se que desequilibrá-lo para trás a fim de incliná-lo sobre os rins dele.

Essa ação é realizada de modo a gerar a oportunidade (no tempo e no espaço) de armar para abatê-lo sem que ele possa se endireitar ou recuperar-se. Na escola Muso Shinden, é o joelho esquerdo que concretiza essa ação, movendo-se para frente: o impulso tem que se transmitir até a ponta da katana, o corpo fica perfeitamente monolítico, são sempre as cadeiras (koshi) que “vivem”.

Se essa ação é bem executada, o adversário não tem nenhuma oportunidade de sair do corte da sua espada. O Mestre Okada, para ressaltar o erro comum de armar sem afastar o adversário (Sémé) depois de ter desembainhado, se colocava na frente do praticante para « simular » a situação do kata. No momento que o praticante ia armar, ele se levantava rapidamente para escapar e pegar … uma lança !

Quando Sémé esta bem executado, não há tempo do adversário se levantar, nem de se voltar para fugir… Com relação ao adversário derrotado (Kiritsuke), deve-se continuar ameaçando, juntando os cotovelos e empurrando “os próprios intestinos” antes de armar para Chiburi (ação de escorrer o sangue). Quando a espada cai, isto é, desce para escoar o sangue, a sua ponta deve estar bem paralela à sua cintura. Algumas escolas ensinam colocar a ponta da katana apontando na sua frente, sempre pensando em se defender, imaginando que o adversário abatido ainda pode reagir. O que se deve memorizar é que a ponta da espada(kissaki) é sempre o nariz que sente (o perigo) e os dentes que mordem (o inimigo). Ao final, quando se embainha (Noto), o praticante lança a Tsuka com flexibilidade na frente como se se quisesse bater um adversário imaginário, como em Nuki tsuke. Educativo (Exercício) para Sémé : A partir de Seiza, se faz Nuki tsuke, depois empurra o adversario, golpeia com o pé, dando um golpe com o pulso para lançar a espada de novo, empurra de novo, assim até cruzar o Dojo enteiro. O joelho direito cansado, troca pelo joelho esquerdo ! …


Philippe Delorme, Iaido, le tranchant du sabre (Iaido – O Fio da espada), pp. 29-31, 1982

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Tradução  Nicolas Tissot em cima do texto do Delorme!!
J.F.Santos ajudou tambem!!

há 13 anos 9 meses